Universidade em foco - 02/06/2007 12:25
SALÁRIOS
Cruesp mantém proposta de 3,37%  

Roberto C. G. Castro / Jornal da USP

A proposta é a mesma. O Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) manteve o índice de 3,37% para o reajuste dos salários dos professores e funcionários da USP, Unesp e Unicamp. Em reunião realizada nesta sexta-feira, dia 1º, na Sala do Conselho Universitário da Unicamp, em Campinas, com o Fórum das Seis – entidade que reúne representantes dos servidores daquelas três universidades –, o conselho reafirmou que esse índice, equivalente à inflação no ano medida pela Fipe, é o máximo que pode ser concedido. O mesmo valor havia sido proposto pelo Cruesp em reunião com o Fórum realizada no dia 24 de maio, também na Unicamp. “Esse índice mantém o poder aquisitivo dos salários e está dentro do que permite o orçamento das Universidades”, disse o presidente do Cruesp e reitor da Unicamp, José Jorge Tadeu.

Diante da proposta de reajuste de 3,15% mais uma parcela fixa mensal de R$ 200,00, feita pelos servidores, o Cruesp sugeriu um novo encontro com o Fórum em outubro. Até lá, o conselho realizará estudos para analisar a possibilidade de conceder a parcela fixa reivindicada pelo Fórum. “É preciso verificar se e como será possível introduzir esse novo modelo”, destacou Tadeu Jorge. Segundo ele, a proposta exige mudanças na estrutura das carreiras dos servidores e depende dos níveis de arrecadação dos impostos estaduais, que financiam o ensino superior público paulista. “Temos que ver tudo isso.” Nova reunião entre Cruesp e Fórum da Seis está marcada para a próxima quarta-feira, dia 6, às 15 horas, na Unicamp. Nela, o tema de discussão será a assistência estudantil.

A proposta não agradou aos representantes dos docentes e funcionários. “A greve deve continuar”, antecipou um dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Magno de Carvalho. O coordenador do Fórum das Seis, professor Francisco Miraglia, lamentou que o Cruesp não tenha feito nenhuma contraproposta. “É possível conceder a parcela fixa”, defendeu. Entre as sugestões que o Fórum das Seis levará para a reunião do dia 6 está a da “isonomia da assistência estudantil” entre as três universidades. Para Miraglia, embora USP, Unesp e Unicamp vivam realidades distintas, há a possibilidade de ter uma mesma política básica de assistência aos alunos para as três universidades. “Podemos ter, por exemplo, os mesmos percentuais do orçamento destinados a esse fim, os mesmos programas de bolsas e o mesmo comprometimento com a moradia e a alimentação estudantil”, lembrou. “Isso é importante porque, como se trata de um sistema de ensino superior do Estado, alunos de uma universidade não podem estar em situação nem melhor nem pior do que alunos de outra universidade.”

A reitora da USP, Suely Vilela, justificou a proposta de 3,37% lembrando que esse reajuste compromete em 89,18% a folha de pagamento da USP. Na Unesp e na Unicamp, esse valor ultrapassa os 90%. “É o máximo que é possível conceder sem prejudicar as atividades das universidades”, disse, destacando que “historicamente” o Cruesp utiliza o índice medido pela Fipe para fazer o reajuste salarial. Suely enfatizou a disposição do Cruesp de estudar a possibilidade de conceder uma parcela fixa mensal, como pede o Fórum das Seis. “Vamos analisar com muito cuidado o impacto dessa parcela e faremos nova reunião em outubro para decidir isso.”

A palavra do Cruesp
Esta é a íntegra do comunicado emitido pelo Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) nesta sexta-feira, dia 1º, logo após a reunião com o Fórum das Seis, realizada na Unicamp.

Comunicado CRUESP nº 02/2007
Considerando que o reajuste concedido em maio de 2007 (3,37%) corresponde ao índice medido pelo IPC-Fipe no período maio de 2006 a abril de 2007, que será pago no salário de maio; *

que o comprometimento acumulado do orçamento com a folha de pagamento, com este reajuste, respeita o percentual máximo de 90%;

que é necessário preservar o poder aquisitivo dos salários e, ao mesmo tempo, manter o indispensável equilíbrio financeiro das Universidades;

as dificuldades de compatibilizar uma parcela fixa com a estrutura das carreiras nas Universidades;

que a estrutura das carreiras são deliberadas pelos órgãos colegiados das Universidades,

O CRUESP propôs adicionalmente:

1. constituir comissão de acompanhamento da arrecadação do ICMS, com a participação de técnicos das três Universidades e do Fórum das Seis.

2. iniciar discussão sobre a estrutura da carreira de cada Universidade para verificação da viabilidade de inserção de novo modelo (parcela fixa).

3. realizar em outubro de 2007 reunião entre o CRUESP e o Fórum das Seis para avaliar o comportamento da arrecadação do ICMS e a possibilidade de implementar o novo modelo à luz das discussões sobre a carreira.

* Dadas dificuldades operacionais na USP, a parcela correspondente ao reajuste será paga no dia 12 de junho.

Campinas, 1º de junho de 2007.

CRUESP