Carta-bomba do Pinotti
para a Reitora da USP
Por Leonildo Correa 07/05/2007
às 11:47
Carta-bomba do Pinotti para
Reitora da USP é prova da quebra de autonomia da Universidade e
constitui quebra do princípios da moralidade administrativa.
O movimento de ocupação da reitoria da USP descobriu, nos arquivos da
universidade, uma carta enviada pelo Secretário de Ensino Superior, José
Aristodemo Pinotti, para a Reitora da USP. Carta esta enviada no dia
02/02/2007 e cujo objeto, acreditem, é o pedido de vaga na Pós-graduação
da USP para um funcionário do gabinete do Secretário.
Vejam o tamanho da petulância e da imoralidade administrativa. E agora ?
Cadê o mérito para entrar na USP ? Não é essa a desculpa que utilizam
para se negar as cotas para os estudantes pobres. Dizem: "tem que ter
mérito !!! Se não tem mérito não entra !!!"
Esse fato me fez lembrar do ex-juiz Nicolalau Gatuno. Ele também entrou
na Faculdade de Direito da USP pelas portas do fundo. Foi uma cartinha
como essa do senhor Pinotti que colocou o traste nas nossas fileiras e
deu no que deu. Certamente, o Nicolalu é o rei da picaretagem, pois ele
conseguiu virar juiz e desembargador sem nunca prestar concurso público.
Pior do que o pedido de vaga na Pós-graduação é o pedido de bolsa que
consta no parágrafo seguinte. O Secretário não quer só a vaga, quer que
a vaga seja acompanhada de uma bolsa para o seu apadrinhado, ou seja, o
indivíduo é um servidor público do Gabinete do Secretário, recebe um
salário poupudo e ainda quer uma bolsa da USP. As bolsas são destinadas
a pessoas de baixa renda e não a parasitas da administração pública.
Essa carta, por si só, mostra que a criação da Secretaria de Ensino
Superior, pelo Governo de São Paulo, constitui quebra da autonomia
universitária, pois o Secretário Pinotti já está até se sentindo dono da
USP e pedindo (em tom de exigência) vaga na Pós-graduação para os seus
apadrinhados. Cadê a autonomia universitária ?
Na USP se entra prestando vestibular ou sendo aprovado nos concursos de
Pós-graduação. Concursos que seguem editais e estabelecem as mesmas
regras para todos os participantes. Concursos que são feitos pelas
unidades acadêmcias e sobre os quais a Reitora da USP não tem nenhum
poder de decisão ou influência. Porém, neste caso, tudo isso foi
violado. Não existe na USP, pelo menos oficialmente, a modalidade "envie
um ofício para ingressar na Pós-graduação".
Além da quebra do princípio da moralidade administrativa, esse ato
constitui crime contra a administração pública. Crimes que passariam em
branco se não fosse a ocupação da reitoria. Agora que descobrimos isso,
vamos contar para todo mundo, inclusive para o Ministério Público.
Eu recebi esta Carta na Sexta-Feira e desde então tenho tentado
verificar se o indivíduo citado está matriculado no Curso de Pós. Porém,
conclui que a matrícula do elemento é irrelevante. A carta, por si
mesma, já constitui quebra do princípio da moralidade administrativa,
constitui favorecimento ilícito, tráfico de influência, etc.
Essa carta e a resposta do gabinete da reitora foram fotocopiados e
distribuídos para todos os presentes na ocupação. Além disso, eu
entreguei, hoje, cópias das mesmas para o CA XI de Agosto, para um
membro do Sindicato de Servidores que trabalham na FD e para o Diretor
da Faculdade de Direito da USP que, sendo uma pessoa sensata e coerente,
tomará as providências jurídicas cabíveis, a fim de restabelecer a
autonomia universitária, a lisura nos processos seletivos de ingresso na
USP e a moralidade administrativa.
Vejam, mal acabaram de criar essa Secretaria de Ensino Superior e as
picaretagens já começaram. Pior do que isso, a existência dessa
Secretaria cria uma hierarquia entre as Universidades e o Governo. Com
isso a autonomia universitária corre sério risco, pois o controle das
universidades viram politicagens. A autonomia tem que ser restabelecida
imediatamente e essa Secretaria de Ensino Superior tem que ser extinta,
assim como o apadrinhado do Pinotti, se quiser entrar na USP, tem que
ter mérito, prestar concurso igual os outros. A porta dos fundos está
fechada.
O que é estarrecedor na carta é o fato do Pinotti dizer que tem grande
satisfação em fazer tal pedido. Ele deveria ter é vergonha de quebrar um
princípio da administração pública. Deveria ter vergonha de cometer essa
imoralidade administrativa e manchar o nome da USP. |