
Universidade em foco -
21/06/2006 20:00
SAÚDE
Ambulatório de Reabilitação do HU atende
funcionários da USP com doenças LER/ Dort
Renata Moraes / Agência USP
O Projeto LER/Dort, do Hospital Universitário (HU) da USP poderá, a partir de
agora, prestar atendimento a funcionários afastados por lesões causadas pelo
trabalho. O Ambulatório de Reabilitação deverá atender, primeiramente, os
trabalhadores que estiverem afastados de suas funções. "O local,
inaugurado em março deste ano, tem capacidade para atender cerca de 70
pacientes por mês", estima a médica clínica geral Ana Paula Curi,
coordenadora do Programa.
O programa LER/Dort integra diferentes grupos de profissionais (médicos,
engenheiro do trabalho, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, representante do
Departamento de recursos humanos) que realizam tarefas distintas, evitando ações
isoladas e menos resolutivas. Desde a conscientização do que é um ambiente
adequado de trabalho e as conseqüências que o contrário disso podem trazer,
até a fiscalização desses locais e o acompanhamento do funcionário
incapacitado na sua reabilitação e no retorno as funções.
Na Universidade vem sendo feita uma campanha preventiva desse tipo de lesão,
por meio de visitas nos locais de trabalho. A tarefa está a cargo do Serviço
de Engenharia, Saúde e Medicina do Trabalho (SESMT), que orienta e fiscaliza as
condições dos locais (mobiliário ergonômico, organização e divisão de
tarefas que levem em conta as particularidades de cada um). "Não adianta
tratar a pessoa para ela retornar a um ambiente em que voltará a trabalhar da
mesma maneira em que a lesão foi causada", argumenta Ana Paula.
A médica acredita que o acompanhamento destes pacientes e de seus locais de
trabalho, resultará em um melhor conhecimento do assunto. O Ambulatório também
fará um levantamento do número de pessoas que foram completamente reabilitadas
(voltando a exercer a mesma função); as parcialmente reabilitadas (que
retornam ao trabalho com orientações especiais), e as afastadas.
Causas de lesões
Segundo Ana Paula, foi observado que havia cerca de 300 funcionários da USP
afastados de suas atividades em função das lesões causadas pelo trabalho.
"A repetição de atividades, a postura incorreta e o excesso de força
podem obstruir a circulação sanguínea, impossibilitando a irrigação de
estruturas importantes, como as artérias e os nervos", descreve a médica.
Como decorrência dessa falta de irrigação ocorre a fibrose, desencadendo
processos inflamatórios nos músculos, o que caracteriza as doenças LER/Dort .
"São cerca de 30, mas as mais conhecidas são a tenossinovite, a tendinite
e a bursite", explica Ana Paula. Segundo ela, falta de organização,
mobiliário não-adaptado, repetição das atividades, má divisão das tarefas,
cobrança por produtividade, pressão no ambiente de trabalho e sobrecarga física,
são alguns dos fatores que levam o profissional a desenvolver algumas dessas
lesões.
Existe maior incidência na faixa etária de 30 a 40 anos, e as mulheres são as
mais atingidas. "Essas pessoas reclamavam da dificuldade de acesso ao
tratamento de reabilitação no serviço público de saúde. Sem reabilitação
não melhoravam e, com isto, permaneciam afastadas do trabalho, sendo que a
Universidade não possuía recursos para agilizar sua recuperação", diz
Ana.